Palácio dos Capitães Generais


O Palácio dos Capitães Generais, localizado na cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, é propriedade da Região Autónoma dos Açores e uma das residências oficiais do Presidente do Governo Regional. Esta função é partilhada com o Palácio de Sant'Ana, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, e a Casa do Comendador Eduardo Bulcão, na Horta, na ilha do Faial.

O edifício foi inicialmente concebido como o Colégio da Companhia de Jesus de Angra, fundado em 1570 por alvará do rei D. Sebastião de Portugal. No entanto, a sua construção só teve início entre 1608 e 1609, sendo a ocupação efetiva registrada apenas por volta de 1620.

O conjunto arquitetônico, que mistura influências do Maneirismo e do Barroco, apresenta uma planta retangular regular, com dois andares organizados em torno de um pátio central. A igreja, de uma só nave e dedicada a Santo Inácio de Loyola, está localizada na extremidade sudeste do edifício.

O edifício também conta com um jardim, situado na antiga cerca, que se destaca pelos amplos passeios, flora variada e árvores imponentes. Um chafariz elegante, que verte água para um grande tanque, confere serenidade ao espaço.

Este colégio foi um importante centro de educação nos Açores, promovendo o ensino de latim, filosofia, teologia e escolástica. Em 1760, com a expulsão dos jesuítas, o edifício foi confiscado pela Fazenda Real. Mais tarde, em 1766, durante as reformas do Marquês de Pombal, seria adaptado para sede da recém-criada Capitania Geral, função que desempenhou até sua extinção em 1830.


Durante a Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), o palácio acolheu a Junta Provisória e, posteriormente, abrigou o governo da Regência do Reino de Portugal, em nome da rainha D. Maria II. Também serviu como Paço Real em dois momentos significativos: em 1832, durante a estadia de três meses de D. Pedro IV, e em 1901, ao receber D. Carlos I e D. Amélia de Portugal na Visita Régia à Madeira e aos Açores.

No final da monarquia e já sob o regime republicano, o palácio serviu de assento a vários serviços públicos, nomeadamente o Governo Militar, a Junta Geral do Distrito Autónomo e o Governo Civil. Após a criação da Região Autónoma dos Açores em 1976, o palácio passou a integrar os bens regionais, abrigando diversos departamentos governamentais e, no andar nobre, a residência oficial do Presidente do Governo Regional na ilha Terceira.

Após o sismo de 1 de Janeiro de 1980, o palácio passou por um cuidadoso processo de recuperação, tendo então se optado por recriar o ambiente histórico do período da Capitania Geral. Foi também enriquecido com um valioso acervo de arte, incluindo obras plásticas e decorativas dos séculos XVIII e XIX, onde se destacam as coleções de porcelana chinesa de exportação, móveis e pinturas a óleo.

Entre os seus espaços emblemáticos, destacam-se o Salão de Baile, ou Sala dos Reis de Bragança, que exibe dez retratos em tamanho natural dos monarcas desta dinastia, e a Sala do Capitão-General, decorada com um retrato de D. Antão de Almada (1718-1797), o primeiro a exercer o cargo nos Açores. Esta sala também é conhecida como Sala do Dossel, pois, em tempos passados, abrigou o trono real.

O palácio está classificado como Imóvel de Interesse Público pela Resolução n.º 28/80, de 29 de Abril, reflectindo o compromisso com a valorização do património cultural açoriano. Integra-se também a Zona Central de Angra do Heroísmo, que é classificada como Património Mundial pela UNESCO. Ele permanece como um símbolo da identidade e memória dos Açores.

Hoje, o Palácio dos Capitães Generais não apenas é uma das residências oficiais do Presidente do Governo dos Açores, mas também um valioso testemunho do rico património histórico e arquitectónico das ilhas açorianas.