Palácio de Sant'Ana
O Palácio de Sant'Ana, localizado na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, é propriedade da Região Autónoma dos Açores. Atualmente, é a sede da da Presidência do Governo Regional e uma das residências oficiais do Presidente do Governo. Estas funções são compartilhadas com o Palácio dos Capitães Generais, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e a Casa do Comendador Eduardo Bulcão, na Horta, na ilha do Faial.
A sua construção remonta a meados do século XIX, por iniciativa de José Jácome Correia (1815-1886), membro de uma proeminente família aristocrática açoriana. Devido a isso, também é conhecido como Palácio Jácome Correia.
Externamente, o palácio distingue-se pela sua arquitetura neoclássica, marcada por linhas sóbrias e elegantes que conferem harmonia e imponência ao conjunto. Com planta em "U", é composto por dois pisos, com um corpo central recuado ladeado por dois corpos intermédios e um pátio de serviço na parte posterior. Curiosamente, desconhece-se o projetista da obra. O interior, por sua vez, reflete uma combinação de estilos diversos, resultando em um ambiente eclético e refinado que espelha a riqueza cultural e o gosto requintado dos seus antigos proprietários.
Os magníficos jardins que rodeiam o palácio são testemunhos da sofisticação paisagística do século XIX. Na parte frontal, destaca-se um jardim formal com um lago artificial, diversas espécies botânicas e duas alamedas laterais que conduzem ao edifício. Planejado sob a supervisão do jardineiro escocês Peter Wallace (nascido em 1820), que trabalhou para José Jácome Correia entre 1849 e 1857, combina o rigor vitoriano com a exuberância de espécies exóticas. Árvores como os Metrosíderos (Metrosideros excelsa) da Nova Zelândia e várias espécies de Araucárias (Araucaria bidwillii, Araucaria columnaris e Araucaria heterophylla) refletem o intercâmbio botânico da época.
Na parte posterior do edifício, encontram-se as cavalariças, a antiga horta e a grande estufa, considerada a mais antiga do gênero nos Açores. Esta estufa, além de preservar e aclimatar plantas exóticas, como orquídeas e antúrios, representa a inovação tecnológica da jardinagem do período. Ainda nessa área, destacam-se uma pérgula, um campo de croquet, um campo de ténis (o mais antigo da ilha), um jardim intimista com uma feteira, os chamados "quartéis" de árvores de fruto (atualmente transformados em relvados com árvores diversas) e um curioso mirante, dito "torre da laranja".
Durante a posse de Aires Jácome Correia (2.º conde e 1.º marquês de Jácome Correia, 1882-1937), seu terceiro proprietário, o palácio ganhou grande notoriedade ao ser escolhido para hospedar os monarcas D. Carlos I e D. Amélia de Portugal, aquando da Visita Régia à Madeira e aos Açores, no verão de 1901. Na ocasião, foi denominado Paço Real de Sant'Ana, marcando um momento de grande relevância na sua trajetória histórica.
Posteriormente, já no período republicano, o palácio serviu como alojamento para António Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951), Presidente da República Portuguesa, durante sua visita oficial aos Açores, realizada no verão de 1941.
Em 1978, o palácio foi adquirido pela Região Autónoma dos Açores e, dois anos depois, em 1980, foi oficialmente designado como a sede da Presidência do Governo Regional, consolidando-se como um dos principais centros políticos e administrativos da região. Desde então, diversas entidades nacionais e internacionais marcaram presença no espaço, destacando-se a do então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, que ficou instalado no palácio, durante a Presidência Aberta de 1989; a dos Reis de Espanha, D. Juan Carlos I e D. Sofia, em 2005; e, mais recentemente, em 2022, a do cardeal D. José Tolentino de Mendonça, então Arquivista do Arquivo Apostólico e Bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cúria Romana.
Após a aquisição pela Região, iniciou-se um cuidadoso processo de restauro, com o objetivo de preservar a integridade histórica e arquitetónica do edifício. Durante esse processo, o interior foi enriquecido com um valioso acervo de obras de arte, tanto plásticas quanto decorativas, que ampliaram a sua relevância cultural e representativa.
Entre os espaços emblemáticos, destaca-se a entrada com sua escadaria de aparato, decorada com telas de Ernesto Condeixa (1857-1933) que retratam a Visita Régia de 1901. Essas obras são enquadradas por molduras, com motivos florais, marinhos e alegóricos, concebidas por Domingos Rebêlo (1891-1975), que reforçam o simbolismo e a riqueza decorativa do espaço. A sala de jantar é outra área de realce, revestida inteiramente de madeira e adornada com entalhes minuciosos que, por um lado, representam uma baixela de jantar, fazendo alusão à função do espaço, e por outro, mostram frutos típicos cultivados na ilha. Parte dessa obra de talha, em particular a botânica, foi executada por João Soares Cordeiro (falecido em 1939), cuja habilidade também se reflete no mobiliário que enriquece o local. Nas paredes, painéis de azulejos de Jorge Colaço (1868-1942) retratam cenas da história da ilha, adicionando dinamismo e profundidade histórica ao ambiente. Não podemos deixar de mencionar também a antiga sala de esgrima, que exibe um belíssimo friso escultórico, ao gosto Arte Nova, mas com claras influências greco-romanas. Esta obra, uma das mais emblemáticas do escultor Ernesto Canto da Maia (1890-1981), foi executada com grande maestria em gesso, folha de prata e folha de ouro.
Hoje, o Palácio de Sant'Ana destaca-se como um símbolo dos Açores, desempenhando um papel central na representatividade institucional do Presidente do Governo.
O conjunto formado pelo palácio e seus jardins está classificado como Imóvel de Interesse Público e Monumento Regional, retratando o compromisso da Região Autónoma dos Açores com a valorização e proteção de seu patrimônio cultural. Esta classificação apoia-se em várias legislações regionais, como a Resolução n.º 64/84, de 30 de abril, a Resolução n.º 107/2000, de 6 de julho, e a alínea c) do n.º 1 do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.
Esse reconhecimento reflete a importância histórica, cultural e arquitetônica do palácio, consolidando-o como um marco da identidade e memória açoriana.
O Palácio de Sant'Ana, localizado na cidade de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, é propriedade da Região Autónoma dos Açores. Atualmente, é a sede da da Presidência do Governo Regional e uma das residências oficiais do Presidente do Governo. Estas funções são compartilhadas com o Palácio dos Capitães Generais, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e a Casa do Comendador Eduardo Bulcão, na Horta, na ilha do Faial.
A sua construção remonta a meados do século XIX, por iniciativa de José Jácome Correia (1815-1886), membro de uma proeminente família aristocrática açoriana. Devido a isso, também é conhecido como Palácio Jácome Correia.
Externamente, o palácio distingue-se pela sua arquitetura neoclássica, marcada por linhas sóbrias e elegantes que conferem harmonia e imponência ao conjunto. Com planta em "U", é composto por dois pisos, com um corpo central recuado ladeado por dois corpos intermédios e um pátio de serviço na parte posterior. Curiosamente, desconhece-se o projetista da obra. O interior, por sua vez, reflete uma combinação de estilos diversos, resultando em um ambiente eclético e refinado que espelha a riqueza cultural e o gosto requintado dos seus antigos proprietários.
Os magníficos jardins que rodeiam o palácio são testemunhos da sofisticação paisagística do século XIX. Na parte frontal, destaca-se um jardim formal com um lago artificial, diversas espécies botânicas e duas alamedas laterais que conduzem ao edifício. Planejado sob a supervisão do jardineiro escocês Peter Wallace (nascido em 1820), que trabalhou para José Jácome Correia entre 1849 e 1857, combina o rigor vitoriano com a exuberância de espécies exóticas. Árvores como os Metrosíderos (Metrosideros excelsa) da Nova Zelândia e várias espécies de Araucárias (Araucaria bidwillii, Araucaria columnaris e Araucaria heterophylla) refletem o intercâmbio botânico da época.
Na parte posterior do edifício, encontram-se as cavalariças, a antiga horta e a grande estufa, considerada a mais antiga do gênero nos Açores. Esta estufa, além de preservar e aclimatar plantas exóticas, como orquídeas e antúrios, representa a inovação tecnológica da jardinagem do período. Ainda nessa área, destacam-se uma pérgula, um campo de croquet, um campo de ténis (o mais antigo da ilha), um jardim intimista com uma feteira, os chamados "quartéis" de árvores de fruto (atualmente transformados em relvados com árvores diversas) e um curioso mirante, dito "torre da laranja".
Durante a posse de Aires Jácome Correia (2.º conde e 1.º marquês de Jácome Correia, 1882-1937), seu terceiro proprietário, o palácio ganhou grande notoriedade ao ser escolhido para hospedar os monarcas D. Carlos I e D. Amélia de Portugal, aquando da Visita Régia à Madeira e aos Açores, no verão de 1901. Na ocasião, foi denominado Paço Real de Sant'Ana, marcando um momento de grande relevância na sua trajetória histórica.
Posteriormente, já no período republicano, o palácio serviu como alojamento para António Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951), Presidente da República Portuguesa, durante sua visita oficial aos Açores, realizada no verão de 1941.
Em 1978, o palácio foi adquirido pela Região Autónoma dos Açores e, dois anos depois, em 1980, foi oficialmente designado como a sede da Presidência do Governo Regional, consolidando-se como um dos principais centros políticos e administrativos da região. Desde então, diversas entidades nacionais e internacionais marcaram presença no espaço, destacando-se a do então Presidente da República Portuguesa, Mário Soares, que ficou instalado no palácio, durante a Presidência Aberta de 1989; a dos Reis de Espanha, D. Juan Carlos I e D. Sofia, em 2005; e, mais recentemente, em 2022, a do cardeal D. José Tolentino de Mendonça, então Arquivista do Arquivo Apostólico e Bibliotecário da Biblioteca Apostólica Vaticana, na Cúria Romana.
Após a aquisição pela Região, iniciou-se um cuidadoso processo de restauro, com o objetivo de preservar a integridade histórica e arquitetónica do edifício. Durante esse processo, o interior foi enriquecido com um valioso acervo de obras de arte, tanto plásticas quanto decorativas, que ampliaram a sua relevância cultural e representativa.
Entre os espaços emblemáticos, destaca-se a entrada com sua escadaria de aparato, decorada com telas de Ernesto Condeixa (1857-1933) que retratam a Visita Régia de 1901. Essas obras são enquadradas por molduras, com motivos florais, marinhos e alegóricos, concebidas por Domingos Rebêlo (1891-1975), que reforçam o simbolismo e a riqueza decorativa do espaço. A sala de jantar é outra área de realce, revestida inteiramente de madeira e adornada com entalhes minuciosos que, por um lado, representam uma baixela de jantar, fazendo alusão à função do espaço, e por outro, mostram frutos típicos cultivados na ilha. Parte dessa obra de talha, em particular a botânica, foi executada por João Soares Cordeiro (falecido em 1939), cuja habilidade também se reflete no mobiliário que enriquece o local. Nas paredes, painéis de azulejos de Jorge Colaço (1868-1942) retratam cenas da história da ilha, adicionando dinamismo e profundidade histórica ao ambiente. Não podemos deixar de mencionar também a antiga sala de esgrima, que exibe um belíssimo friso escultórico, ao gosto Arte Nova, mas com claras influências greco-romanas. Esta obra, uma das mais emblemáticas do escultor Ernesto Canto da Maia (1890-1981), foi executada com grande maestria em gesso, folha de prata e folha de ouro.
Hoje, o Palácio de Sant'Ana destaca-se como um símbolo dos Açores, desempenhando um papel central na representatividade institucional do Presidente do Governo.
O conjunto formado pelo palácio e seus jardins está classificado como Imóvel de Interesse Público e Monumento Regional, retratando o compromisso da Região Autónoma dos Açores com a valorização e proteção de seu patrimônio cultural. Esta classificação apoia-se em várias legislações regionais, como a Resolução n.º 64/84, de 30 de abril, a Resolução n.º 107/2000, de 6 de julho, e a alínea c) do n.º 1 do artigo 57.º do Decreto Legislativo Regional n.º 29/2004/A, de 24 de Agosto.
Esse reconhecimento reflete a importância histórica, cultural e arquitetônica do palácio, consolidando-o como um marco da identidade e memória açoriana.