Berta Cabral lembra que sazonalidade turística está em tendência decrescente nos Açores
Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas
Os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados na plataforma TravelBI do Turismo de Portugal (dormidas em alojamento turístico), demonstram que a sazonalidade nos Açores apresenta uma tendência decrescente. Após os dois anos maiores da pandemia de covid-19 (2020 e 2021), que foram muito condicionados na procura sazonal, a taxa de sazonalidade nos Açores foi de 41,2% em 2022, reduzindo-se para 40,7% em 2023, depois de em 2021 ter atingido os 50,5%.
A taxa de sazonalidade é calculada somando os valores das dormidas nos três meses de maior procura (no caso, julho = 374.855; agosto = 408.383; e setembro = 331.583) e dividindo esse resultado pelo número total de dormidas do ano (2.742.352).
Para a Secretária Regional com a tutela do turismo, Berta Cabral, “analisar os números do turismo requer prudência e complementaridade com informação qualitativa, uma vez que os Açores ainda são um destino jovem”.
“Os números demonstram que estamos a progredir na mitigação da sazonalidade, quando ainda crescemos, de forma sustentada, a dois dígitos. Temos ainda um grande potencial de crescimento, sobretudo no inverno, depois do boom que se seguiu à liberalização parcial do espaço aéreo, em 2015, e à inédita recuperação dos efeitos da pandemia, em 2022”, recorda Berta Cabral.
A governante sublinha que o trabalho de redução da sazonalidade é progressivo e exigente, requerendo não só uma atuação específica na promoção, mas também um desenvolvimento adequado e a respetiva disponibilização de produto para os turistas, de forma consistente.
Do lado da promoção, por exemplo, tem sido possível mobilizar os operadores para um progressivo alargamento das operações aéreas internacionais, que começaram muito concentradas no pico da época alta, mas que têm vindo a ser expandidas no período de operação e reforçadas nas frequências semanais. Algumas já estão mesmo com possibilidade de começar a cobrir algumas semanas do Inverno.
Esta evolução tem contribuído para baixar a sazonalidade do mercado de turistas estrangeiros, que é aquele que ainda apresenta maior flutuação sazonal na Região. Este ano, a taxa de sazonalidade de turistas estrangeiros reduziu-se de 50,2% para 48,5%.
Berta Cabral assinala que “também é bom lembrar que o nosso inverno atualmente já está totalmente diferente daquilo que era há uma década”.
E prossegue: “o mês de novembro de 2023, por exemplo, teve sensivelmente o mesmo número de dormidas registadas no mês de setembro de 2014 – o terceiro melhor mês desse ano”.
“Apesar de tudo, a sazonalidade nunca vai desaparecer completamente, porque o nosso modelo social, que está muito indexado aos calendários académicos e às férias escolares, determina os principais períodos de viagem”, acrescenta.
“Trabalhar o inverno no turismo dos Açores é desafiante, sobretudo porque somos um destino que ainda tem muito para evoluir. É fundamental continuarmos o desenvolvimento da nossa oferta e do nosso produto turístico, diversificando-o, qualificando-o e colocando-o à disposição dos turistas, porque é isso que permitirá atrair, converter e satisfazer quem nos visita. É isso que motiva a viagem”, explica a Secretária Regional da tutela.
A governante refere, entretanto, um artigo publicado na prestigiada revista National Geographic, a 26 de julho último - Os Açores, um destino cada vez menos sazonal (nationalgeographic.pt), cujo o teor destaca o potencial da Região e prova que o Governo Regional está a “trabalhar bem” para haver “turismo todo o ano e em todas as ilhas”.
“O foco do Governo dos Açores é o combate à sazonalidade. Ainda esta semana, o Governo dos Açores indicou Luís Capdeville Botelho como novo Presidente do Conselho de Administração da Visit Azores, numa nova etapa de consolidação e desenvolvimento da agência de promoção turística dos Açores, focada no combate à sazonalidade, na valorização da identidade das nove ilhas e na afirmação do produto”, frisa Berta Cabral.
E prossegue: “nunca é demais recordar que, de acordo com os dados do Serviço Regional de Estatística (SREA), em 2023, os Açores bateram todos os recordes no setor, com os alojamentos turísticos a registarem cerca de 3,8 milhões de dormidas e de 1,2 milhões de hóspedes”.
Estes valores representam um crescimento de 15,1% nas dormidas e 14,8% nos hóspedes relativamente ao ano 2022.
De resto, já em 2022, o número total de dormidas tinha superado o valor mais elevado até então, verificado em 2019, antes da pandemia de covid-19, que afetou o setor nos dois anos seguintes.
A subida registada em 2023 foi superior à verificada no país, que apresentou um “acréscimo face ao ano anterior de 10,7%”.
O setor do turismo gerou um valor recorde de 157,8 milhões de euros em proveitos nos estabelecimentos hoteleiros, marcando 2023 como o primeiro ano de sempre a superar os 150 milhões de euros de proveitos totais na hotelaria dos Açores.
Como nota final, recorde-se que os dados das dormidas do SREA e do INE não apresentam os mesmos valores, dado diferente tratamento estatístico a que são sujeitos e que se prende, essencialmente, com dados não contabilizados pelo INE referentes ao Alojamento Local.