28 de Junho 2025 - Publicado há 2 dias, 20 horas e 16 minutos
Intervenção do Presidente do Governo
location Ponta Delgada

Presidência do Governo Regional

Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, proferida sexta-feira, em Ponta Delgada, na sessão de encerramento da “Sister Cities Summit”:

“É com grande orgulho que me dirijo a vós, desta feita, na sessão de encerramento, para vos felicitar, pelo sucesso que tem sido esta mui digna iniciativa da FLAD, no âmbito da celebração dos seus 40 anos de existência.

Este é um dos conteúdos celebrativos mais bem concebidos e envolventes, quer das geografias, quer das histórias comuns, quer, ainda, da projeção futura, que já antevemos, quiçá mais desafiante e estimulante, aliás como boa consequência deste encontro, a meios do Atlântico, aqui nos Açores.   

Renovo a minha felicitação à FLAD, na pessoa do seu Presidente, Dr. Nuno Morais Sarmento, pelo aniversário e por vincar a sua visibilidade nos Açores, à qual visibilidade nos associámos e nos associaremos sempre e colaborativamente.

Ambos, eu como Presidente do Governo dos Açores e o residente da FLAD, vimos confirmada a importância que cimeiras como esta se constituem como plataformas indispensáveis para o fortalecimento das relações entre Portugal e os Estados Unidos da América, entre as nossas cidades e vilas, que se consolida através da cooperação e da amizade.

Permitam-me que me reserve nesta breve intervenção, a falar-vos dos Açores, naturalmente enfatizando, com orgulho, a nossa realidade expressiva de identidade e reconhecimento, em primeiro lugar e, a finalizar, uma pincelada sobre o que já hoje projetamos para o futuro dos Açores, na sua contextualização sempre global, agindo, no entanto, localmente. 

Com orgulho, embevecido é certo, mas também com objetividade, porque ancorado em provas internacionais de reconhecimento, falar-vos-ei, então, deste arquipélago e Região, com Autonomia Política, que se distingue no Atlântico pela sua beleza, autenticidade e, acima de tudo, pelo seu compromisso com a sustentabilidade — os Açores.

Num mundo em que o turismo cresce exponencialmente, tornando-se por vezes uma ameaça aos próprios territórios que procura celebrar, os Açores seguiram sempre e seguem um caminho diferente. Um caminho exigente, mas profundamente necessário: o do turismo sustentável.

Somos nove ilhas que, apesar da distância geográfica entre si e do afastamento dos grandes centros continentais, assumiram o desafio de crescer em equilíbrio com a natureza.

Aqui, entendemos que preservar não é um luxo — é uma obrigação para com as futuras gerações e para com a nossa identidade.

Somos uma referência internacional em sustentabilidade em terra e no mar. E queremos confirmar sempre esse estatuto, em cada ano, em todo o tempo.

Os Açores foram o primeiro arquipélago do mundo, em 2019, a obter a certificação de “Destino Turístico Sustentável” segundo os critérios da EarthCheck, um reconhecimento internacional que atesta o compromisso com práticas ambientais, sociais e económicas responsáveis.

E este não é apenas um selo — é o reflexo de um trabalho coletivo, que envolve poder político, empresários, agricultores, pescadores, guias turísticos, escolas, e cada cidadão que escolhe proteger em vez de explorar.

Se fomos o primeiro, e isso foi e é um orgulho relevante, ainda mais significativo é o facto de que somos hoje o único arquipélago do mundo certificado com selo Ouro, pois, esta certificação de base científica, que envolve a recolha e análise de cerca de 400 indicadores de sustentabilidade, é submetida a auditorias ‘in loco’ anuais, numa cadeia hierárquica do valor de selos, e nós fomos sempre subindo o reconhecimento, a caminho do topo, que é o Master.

Temos a sorte de viver num território onde o vulcão e o mar moldaram paisagens deslumbrantes: lagoas em crateras antigas, fajãs que desafiam a gravidade, trilhos que serpenteiam entre hortênsias, e um oceano vivo que acolhe mais de 20 espécies de cetáceos. Mas é nossa responsabilidade garantir que esta riqueza natural não se perca sob o peso de um turismo inconsciente.

Nos Açores, o turista é convidado a ser viajante, não consumidor. É chamado a respeitar os ritmos da natureza, a provar produtos locais, a envolver-se com comunidades genuínas, a caminhar em silêncio, a observar sem perturbar, a aprender em vez de extrair. Esta tem sido e é a nossa proposta: um turismo com alma, onde a qualidade se sobrepõe à quantidade.

Felizmente isso tem sido reconhecido noutros planos de julgamento do feito.

Evoco, telegraficamente alguns destes reconhecimentos recentes:

Açores distinguidos na categoria 'Europe's Leading Adventure Tourism Destination 2020”.

“The Teenty Best Places For Americans To Live, Invest, Work In Europe” - Braga, Algarve e Açores estão entre os 20 melhores destinos europeus para os norte-americanos viverem, investirem e trabalharem, de acordo com critérios como a qualidade de vida e do sistema de saúde.

Em 2022 – um dos melhores destinos de ciclismo da Europa.

Pelo terceiro ano consecutivo, os Açores ganharam o prémio de Melhor Destino de Aventura da Europa, em 2022 pelos World Travel Awards

Em 2023, a revista Condé Nast Traveler elegeu os Açores como top 10 das melhores ilhas da Europa e ganhamos o prémio de Melhor Destino de Aventura do Mundo, pelos World Travel Awards.

Este ano de 2025 vimos publicitado o reconhecimento de  “Melhor Destino de Turismo de Aventura da Europa 2024” e Melhor Destino de Aventura do Mundo, em 2024 pelo World Travel Awards.

Para nós, o desenvolvimento sustentável não é inimigo do progresso — é o seu aperfeiçoamento. E os Açores têm provado que é possível crescer com responsabilidade. O investimento na mobilidade elétrica, o incentivo à agricultura biológica, a proteção das reservas marinhas, e a formação contínua dos profissionais do setor são exemplos concretos dessa aposta.

O mundo precisa de faróis.

E os Açores são hoje um desses faróis — um território que mostra que é possível fazer diferente e fazer melhor. Que a sustentabilidade não é um obstáculo, mas uma vantagem competitiva. Que respeitar a terra, o mar e o espaço é a melhor forma de nos valorizarmos.

Em matéria de proteção do oceano, os Açores estão a liderar, no mundo, pelo exemplo. “Leading bye exemple”.

A conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos reconhece a liderança no cumprimento, aliás antecipado dos ODS.

Os ecossistemas dos oceanos estão ameaçados devido às alterações climáticas, à poluição e à exploração intensiva.

O mar dos Açores contém valores naturais ímpares que devem ser protegidos.

As políticas nacionais e internacionais definem metas de 30% de proteção:

2020 - Estratégia Europeia para a Biodiversidade 2030

2021 - Estratégia Nacional do Mar 2030

2022 - Quadro de Biodiversidade Kunming-Montreal da ONU

Nos Açores não nos limitamos a seguir, colocamo-nos na frente. Lideramos.

A Rede de Áreas Marinhas Protegidas (AMP) nos Açores é a maior do Atlântico Norte, e é, no nosso entender, o instrumento mais eficaz para a proteção e recuperação da vida marinha.

A utilização da melhor informação científica e o envolvimento da comunidade garantem a sua adequada implementação e gestão.

O futuro que projetamos para os Açores, é o de ser relevante, respeitado, reconhecido, valorizado, remunerado pelo ativo e património de natureza que é para o País, para a Europa e para o mundo.

Sim, somos grandiosos e importantes nos domínios territoriais. Visão por quem valorize o mar e o espaço e eles associe, ciência, investigação, inovação, tecnologia, sustentabilidade e solidariedade intergeracional. Que ambicione uma economia valorativa, em substituição de uma mera economia extrativa. 

 Visamos ser atores e beneficiários das políticas futuras da economia azul, da economia espacial e das mudanças científicas e tecnológicas a elas associadas, num devir em que as transições climática, energética e digital interessam a todos e ninguém deve d´elas estar excluído.

Na arte da comunicação digital, a nossa geografia e o nosso mar profundo em larga área da zona económica exclusiva têm valor na travessia transatlântica de cabos submarinos de fibra ótica inteligentes, cada vez mais premente.

Tudo isso é devir, desafio e oportunidade de progresso dos Açores.    

Como destino turístico que somos, convido-vos, não apenas a visitar os Açores, mas a compreendê-los.

A viver a sua natureza, a ouvir os seus silêncios, a reconhecer nas nossas gentes um exemplo de equilíbrio entre tradição e modernidade.

Os Açores não querem ser apenas um destino de viagem. Querem ser um modelo de futuro.

Quanto às nossas relações transatlânticas, repito a citação que fiz na abertura do escritor açoriano Daniel de Sá, “a comunidade não é só vizinhança: é construção de futuro em conjunto.”

No turismo sustentável. Na cooperação científica no Atlântico.

Nas energias renováveis. Nas tecnologias marinhas.

Nos nichos tecnológicos de comunicação. No digital.

Confio que os saberemos concretizar.

Desejo a melhor continuidade do profícuo trabalho aqui iniciado.

Bem hajam!"

© Governo dos Açores | Fotos: GRA

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