Intervenção do Presidente do Governo
Presidência do Governo Regional
Texto integral da intervenção do Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, proferida hoje, em Ponta Delgada, na sessão de abertura da “Sister Cities Summit”:
“É com imensa satisfação que os Açores são a sede do vosso acolhimento para esse histórico encontro e uma honra para mim poder dirigir-me a vós nesta ocasião tão significativa.
A Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento – FLAD - entendeu assinalar a passagem dos seus 40 anos com diversos eventos, entre os quais esta Sister Cities Summit, que agora se está a iniciar.
Felicito a FLAD, na pessoa do seu Presidente, Dr. Nuno Morais Sarmento, pelo aniversário e por vincar a sua visibilidade nos Açores, ao qual nos associamos colaborativamente.
A FLAD, constituída no âmbito do Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os Estados Unidos, que sempre teve e continua a ter como sua principal razão de ser o uso de infraestruturas e equipamentos nos Açores por parte das Forças Armadas Americanas, tem vindo a desenvolver uma importante ação nas relações entre Portugal e os Estados Unidos, também com incidência nos Açores.
São prova disto as diversas iniciativas e programas que a Fundação tem promovido, no âmbito do intercâmbio cultural, académico e científico, fortalecendo os laços entre os nossos dois países.
Queremos e ambicionamos sempre mais, mais nos Açores.
Assinalo que a realização da Sister Cities Summit aqui dá corpo à natural vocação dos Açores como ponto de encontro e intercâmbio de pessoas e culturas, de reconhecimento das suas histórias, mas que se querem valorizar ainda mais através da partilha de novos legados, saberes, conhecimento e, também, de sonhos e ambições.
Cimeiras como esta, cuja importância tem de ser sublinhada, são plataformas indispensáveis para o fortalecimento das relações entre as nossas cidades e vilas, que se concretiza através da cooperação e da amizade promovidas pela geminação institucional.
No dizer do escritor açoriano Daniel de Sá, “a comunidade não é só vizinhança: é construção de futuro em conjunto.”
Num mundo em constante mudança, em que a ordem mundial vive sobressaltos, o melhor e mais seguro caminho de progresso e desenvolvimento dos povos é o diálogo e a cooperação entre comunidades. E a nossa cultura desenvolve essa atitude cosmopolita.
Situados no meio do Atlântico, os Açores têm sido um ponto de ligação vital entre a Europa e a América.
A nossa localização estratégica tem sustentado o estabelecimento de importantes parcerias nas esferas da defesa e da economia, reforçando a segurança e a prosperidade de ambos os continentes.
O mais antigo Consulado Americano em todo o mundo está nos Açores e completa agora 230 anos de funcionamento contínuo.
Que orgulho coletivo e partilhado que é para nós esse facto.
Um facto histórico revelador da nossa ligação, que espero que continue sem interrupções e duradouro.
A histórica presença das forças armadas norte-americanas na Base das Lajes reconhece e alavanca os Açores no âmbito das relações entre Portugal e os Estados Unidos.
Os Açores não são apenas um território remoto, mas uma mais-valia estratégica para Portugal e para a União Europeia.
A localização dos Açores no meio do Atlântico permite que a Região contribua significativamente para a segurança e defesa, bem como para a competitividade e inovação através de infraestruturas tecnológicas de alto desempenho.
As novas economias emergentes, como a economia azul e a economia espacial, reforçarão a importância do arquipélago na projeção atlântica de Portugal e da Europa.
A posição geoestratégica dos Açores é, do lado português, tenho a certeza, o principal ativo do relacionamento entre Portugal e os Estados Unidos da América.
Os açorianos, ao longo da sua história, convivendo com as adversidades, aprenderam, na senda de Vitorino Nemésio “a ser vizinho, a ser irmão.” E é isso que somos e queremos ser com os Estados Unidos da América.
É este sentir a comunidade, sentido pelos açorianos que o transportaram na sua bagagem quando partiram das nossas ilhas rumo à América.
As comunidades açorianas nos Estados Unidos desempenham hoje um papel fundamental na relação entre Portugal e os Estados Unidos.
Com a sua dedicação e trabalho árduo, os açorianos têm contribuído significativamente para o desenvolvimento das suas comunidades de acolhimento, especialmente na Califórnia e nos diversos estados da Nova Inglaterra, enquanto mantêm vivas as suas tradições e cultura.
Estas comunidades são um elo vital que une os nossos dois países, promovendo a compreensão mútua e a cooperação.
A sociedade multiétnica americana tem encontrado na sua diversidade uma fonte de riqueza humana que em muito tem contribuído para o seu progresso. Para a sua própria identidade.
O contributo de muitos açorianos, nas diversas áreas de intervenção e nos diversos estados dos Estados Unidos da América, merece ser realçado.
Citando Onésimo Almeida, “a diáspora mostrou que é possível ser comunidade sem território.”, vingando longe de casa, estabelecendo laços que perduram no tempo. Enriquecendo as suas vidas e as comunidades em que se inseriram.
É um orgulho para nós, para mim, enquanto Presidente do Governo dos Açores, podermos olhar para a sociedade americana e ver o sucesso alcançado por políticos, empresários, cientistas e artistas, hoje americanos de origem açoriana. É neles que hoje assenta boa parte da relação social, política, económica e cultural entre os nossos dois países.
Há desafios a vencer na nossa relação com os Estados Unidos da América. Porque queremos aprofundá-la. Queremos contrariar a distância geográfica e a nossa pequena dimensão territorial.
O mar e o espaço ligam-nos, são a nossa via-rápida para o mundo, para a América, para o desenvolvimento.
Queremos realçar as oportunidades que se nos apresentam.
Nas exportações de produtos sustentáveis e de qualidade.
Na cooperação científica no Atlântico.
Nas energias renováveis.
Nas tecnologias marinhas.
No turismo sustentável.
Nos nichos tecnológicos. E no digital.
Hoje, há cada vez mais americanos a investir nos Açores. E a procura turística das nossas ilhas por parte dos cidadãos dos Estados Unidos fortalece-se em cada ano que passa.
Gostaria, finalizando, de reiterar a relevância desta Sister Cities Summit e expressar, em nome dos Açores e dos açorianos, a minha gratidão a todos os presentes pelo contributo que estão a dar para o fortalecimento das relações entre as nossas nações.
Vamos todos continuar a acreditar no bom relacionamento entre povos, regiões e nações como o mais valioso instrumento para a construção da paz e, daí, do progresso.
Os Açores aqui estarão, no meio do Atlântico Norte, entre a União Europeia e os Estados Unidos da América, irmanados na defesa comum da Democracia e da Liberdade, sempre disponíveis para darem o seu contributo.
Começam agora, após esta sessão de abertura, os trabalhos da Cimeira.
A qualidade dos participantes, a causa que abraçaram e a capacidade organizadora da FLAD são a garantia, na qual confio, do sucesso desta primeira Sister Cities Summit.
O encontro nos Açores, a meio do caminho entre a América e a Europa, revela-se assertivo, pois é o local mais apropriado para esse encontro de saudade e de projeção estratégica que são as nossas ilhas. Desta vez em São Miguel.
Confio que os saberemos receber com a elevação da nossa beleza natural e com a cortesia do nosso convívio sentimental, também expressos em cada evento e em cada momento.
Desejo profícuo trabalho.
Bem hajam!”