Berta Cabral defende que redefinição no transporte coletivo de passageiros não pode pôr em causa cumprimento do serviço público
Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas
A Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas defendeu, em Ponta Delgada, que o processo em curso que visa a redefinição do transporte coletivo de passageiros nos Açores nunca poderá pôr em causa o cumprimento do serviço público.
Berta Cabral, que falava na sessão de encerramento da Convenção da ARP – Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros, disse serem muitos os desafios que se colocam ao setor, desde logo a falta de motoristas qualificados, “um problema que está a afetar o planeamento e a capacidade de resposta a necessidades no mercado e para o qual é necessário que as empresas encontrem solução individualmente ou em associação”.
“A redefinição em curso no setor do transporte público coletivo de passageiros e a sua adaptação à atualidade é igualmente desafiante, porque além da complexidade do sistema, temos de considerar as novas necessidades decorrentes do crescimento do turismo, não só para a mobilidade dos turistas, mas também dos residentes”, disse.
Também a introdução da inteligência artificial e as soluções de georreferenciação, otimização operacional, sistemas de gestão de frotas, bilhética digital, intermodalidade ou descarbonização, adiantou, “criam novos pontos de pressão, bem como novas oportunidades de desenvolvimento”.
Nos Açores, acrescentou, decorre o processo de transformação do serviço público de transporte terrestre coletivo de passageiros, que “exige alterações do 'status quo' e capacidade de inovação”.
Os novos concursos públicos para a prestação deste serviço, referiu, estão “em conformidade com o Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros, que foi esquecido durante quase 10 anos".
E vincou: "São, ao todo, oito concursos, faltando apenas lançar os dois de maior dimensão e complexidade, nomeadamente em São Miguel e Terceira”.
Para Berta Cabral, estes “são desafios, mas são igualmente sinais do sucesso e do acerto do desenvolvimento turístico, que levam os Açores a superar sucessivamente recordes no número de visitantes”.
“Estamos a posicionar-nos cada vez mais como um destino competitivo e de excelência, atraindo públicos cada vez mais qualificados e a consolidar uma imagem externa cada vez mais associada à qualidade, à natureza e à sustentabilidade”, frisou.
A governante defendeu “iniciativas de transporte especializado e adaptado às necessidades de visitação turística, como a implementada desde 2023 no Vulcão do Fogo, em São Miguel”, um serviço 'shuttle' pioneiro que tem proporcionado uma visitação segura e tranquila a mais de 50.000 pessoas de junho a setembro.
“É uma medida enquadrada na nossa política de sustentabilidade turística e proteção ambiental, onde a descarbonização da economia e do transporte rodoviário é também um objetivo crítico. No atual paradigma, não podemos falar de transportes rodoviários sem abordar o grande desígnio da descarbonização”, acentuou.
Apesar de reconhecer que a transição para veículos sustentáveis, como autocarros elétricos, implica elevados montantes de investimento inicial e coloca novos desafios de viabilidade operacional, financeira e de capacidade de fornecimento, Berta Cabral disse que o Governo dos Açores “está determinado a apoiar, em concertação com o Fundo Ambiental, soluções para esta transição, cientes da importância de contribuir para as metas da descarbonização e de um futuro sustentável”.
A este propósito recordou a implementação do Plano de Mobilidade Elétrica dos Açores, onde estão incluídos incentivos e através do qual se está a desenvolver uma rede crescente de postos de carregamento públicos para veículos elétricos.
“Este é um passo concreto que reflete o nosso compromisso em criar infraestruturas de apoio que facilitem a transição para a mobilidade elétrica, que continuará a merecer uma atenção muito especial e incisiva da nossa parte. Estamos, igualmente, a trabalhar junto de outras instâncias, incluindo o Fundo Ambiental, para potenciar a eletrificação e a renovação das frotas de autocarros”, concluiu.